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Conheça os sintomas da hanseníase, que pode causar incapacidades físicas permanentes

Conheça os sintomas da hanseníase, que pode causar incapacidades físicas permanentes

17/01/2025
4 min. de leitura

Apesar de ter tratamento e cura, a hanseníase ainda é motivo de preocupação no Brasil e no mundo devido aos desafios do diagnóstico precoce e do estigma que cerca os pacientes. O Brasil é um dos países que mais registram casos da doença, ficando atrás apenas da Índia. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil casos são registrados por ano no país.

Janeiro registra dois marcos para a conscientização sobre a doença: o Dia Mundial da Hanseníase e o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, celebrados no último domingo do mês. Ambas as iniciativas têm o objetivo de chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce, do acesso ao tratamento e do enfrentamento do preconceito.

“A hanseníase está no grupo de doenças que a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) classifica como doenças negligenciadas, que acometem a população, principalmente a população mais carente, e que muitas vezes as pessoas não lembram que existem”, afirma a dermatologista Paula Xavier Schiavon.

O que é a hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, tem a capacidade de infectar muitas pessoas, mas apenas uma pequena parcela desenvolve a enfermidade devido à resistência natural do organismo.

O principal desafio da hanseníase está na sua evolução silenciosa. Sem o tratamento adequado, pode levar a incapacidades físicas permanentes. No entanto, com o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico, é possível evitar complicações e garantir a cura.

Sintomas da hanseníase

Os sintomas da hanseníase variam, mas os mais comuns incluem:

  • Manchas na pele: sinais esbranquiçados, avermelhados ou amarronzados, com perda ou alteração de sensibilidade ao calor, frio, dor e tato.
  • Alterações neurológicas: sensação de formigamento, dormência, fisgadas ou choques nas extremidades, devido ao comprometimento dos nervos.
  • Perda de força muscular: dificuldade para segurar objetos ou realizar tarefas simples.
  • Lesões cutâneas: caroços e placas em qualquer parte do corpo, que podem evoluir para úlceras se não tratados.

“É importante avaliar manchas na pele, alterações da coloração. Manchas mais claras ou manchas mais escuras, eventualmente, além de nódulos e alterações sensoriais, podem indicar o diagnóstico de hanseníase. Uma área de pele mais amortecida, uma área que a pessoa encosta e não sente o calor, ou que a pessoa arranha, cutuca e acaba machucando porque ela não teve sensibilidade naquele lugar”, alerta a dermatologista.

Transmissão da hanseníase

A transmissão da hanseníase ocorre principalmente por meio de gotículas eliminadas pela fala, tosse ou espirro de pessoas infectadas que ainda não estão em tratamento. É importante destacar que o contato casual não transmite a doença: a infecção ocorre apenas em caso de convívio próximo e prolongado.

Após o início do tratamento da hanseníase, a pessoa deixa de ser uma fonte de contágio, o que reforça a importância de buscar atendimento médico ao notar os primeiros sinais.

Diagnóstico e tratamento da hanseníase

O diagnóstico precoce da hanseníase é essencial para prevenir as sequelas provocadas pela doença. Ele é feito com base em exames clínicos, como o dermatoneurológico, que avalia alterações na pele e nos nervos, além de testes de sensibilidade.

O tratamento, disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é eficaz e consiste na poliquimioterapia, uma combinação de antibióticos que dura entre seis meses e um ano, dependendo da forma clínica da doença. É essencial seguir corretamente as orientações médicas para garantir a cura.

Além disso, é importante que familiares e pessoas próximas a pacientes de hanseníase também sejam examinados, pois o diagnóstico precoce é a chave para interromper a cadeia de transmissão.

Prevenção e combate ao estigma

A hanseníase é uma doença curável, mas a luta contra ela vai além da questão médica. O preconceito e a desinformação ainda afastam muitos pacientes dos serviços de saúde. É por isso que a conscientização é um pilar fundamental para enfrentar o problema.

Ao menor sinal de manchas na pele com perda de sensibilidade ou outros sintomas mencionados, um posto de saúde deve ser procurado imediatamente. A hanseníase tem cura, e o tratamento correto garante a interrupção da transmissão, prevenindo complicações e devolvendo a qualidade de vida.

A dermatologista chama a atenção para a necessidade de um check-up dermatológico anual a fim de identificar manchas que possam ser sintomas de hanseníase ou até de câncer de pele. 

“A consulta com dermatologista é muito importante, porque muitas vezes as manchas estão em locais escondidos e que a própria pessoa acaba não reparando. É muito bacana incluir um check-up dermatológico num exame de rotina anual, como é para as mulheres, por exemplo, a consulta com ginecologista”, orienta Paula.

Dra. Paula Xavier da Silva Schiavon

Médica dermatologista em Curitiba, formada pela Universidade Federal do Paraná e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. CRM 17561.

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