Notícias sobre vacinas e medicamentos para a Covid-19 têm estado entre nossos principais interesses nos últimos tempos. A descoberta de uma cura para o vírus se tornou o sonho compartilhado por milhares de pessoas. Você também vibrou com as imagens das primeiras pessoas imunizadas?
Ainda assim, a quantidade de notícias é tamanha que, muitas vezes, é difícil acompanhar. Sem falar na circulação de informações erradas ou sem embasamento científico. Afinal, existe tratamento precoce? Por que alguns medicamentos são indicados e outros não?
Levamos algumas das principais dúvidas sobre medicamentos para Covid-19 para o infectologista Eduardo Sprinz, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Confira a explicação do médico sobre medicamentos que têm sido relacionados ao tratamento do vírus e saiba quais funcionam e quais não têm eficácia científica comprovada:
"Neste momento, os medicamentos utilizados para a Covid-19 são os que tratam sinais e sintomas: analgésicos e antitérmicos, como Paracetamol e Dipirona", explica Sprinz. Além desses, há medicamentos específicos, mas que certamente contêm efeitos colaterais - os corticoides como a Dexametasona, a melhor estudada até agora. O uso desse tipo de medicamento só deve ser realizado em casos moderados de infecção, e sempre com avaliação médica, devido ao risco de efeitos colaterais.
Nos últimos tempos, muito se ouviu falar dos dois medicamentos como parte de um possível tratamento precoce para a Covid-19. A verdade, porém, é que tanto a hidroxicloroquina quanto a cloroquina não têm eficácia contra a infecção por Covid-19. O mesmo vale para a Ivermectina: as pessoas que a usarem serão apenas desvermifugadas, mas não terão nenhuma proteção extra contra o coronavírus. "Em algumas pessoas, felizmente a minoria delas, a Ivermectina pode estar associada a efeitos colaterais graves no cérebro, no sistema nervoso central", afirma Sprinz.
Sprinz esclarece que não existe, ainda, nenhum tratamento precoce contra o coronavírus. Por que, então, algumas pessoas têm conhecidos que foram infectados com o vírus e apresentaram melhoras ao utilizar alguma dessas medicações? A explicação do infectologista é de que a melhora deve ser atribuída ao organismo do paciente e não ao medicamento.
"Nessa infecção, até agora, sabemos que 96% das pessoas terão um curso satisfatório da infecção e isso é o mais importante. Então, para a maioria das pessoas, vai dar certo independentemente da nossa intervenção, e até mesmo sem intervenção médica. Raramente a infecção levará uma pessoa a ter complicações, e geralmente serão as pessoas com vulnerabilidade", explica.
Quando se trata de proteção contra o coronavírus, a adoção dos cuidados que têm sido amplamente difundidos, como o uso de máscara e a higienização das mãos, é mais eficaz do que qualquer medicamento. "É provável que a utilização de máscara possa ser mais protetora do que as vacinas. Medidas de proteção individuais são mais do que nunca necessárias e são as melhores medidas preventivas", afirma o infectologista. Por isso, evite frequentar locais aglomerados.
Quando precisar sair de casa, use sempre a máscara e higienize as mãos com frequência, como a cada vez que entrar ou sair de um ambiente.
Embora possa ser indicada para controlar possíveis infecções secundárias do coronavírus, a azitromicina não tem benefícios em casos moderados e graves da doença, conforme indicaram vários estudos, como o Recovey, feito por universidades britânicas. O infectologista do Hospital de Clínicas reforça que, além de o medicamento não ter ação contra a Covid-19, pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos se usado de forma inadequada. "Não vale a pena utilizá-lo de forma indiscriminada. É um antibiótico que tem seu uso restrito para não causar resistência das bactérias aos antibióticos", explica.
Em algumas pessoas, a Covid-19 pode provocar uma inflamação geral no organismo - e corpos mais inflamados podem ter o sangue mais grosso. Por isso, para algumas situações, preferencialmente com indicação médica, o uso de medicações anticoagulantes pode trazer benefícios e evitar, por exemplo, a embolia pulmonar.
"Mas é preciso a avaliação médica e, de preferência, exames que mostrem que o corpo da pessoa está mais inflamado, com mais chances de desenvolver esse quadro", pondera o especialista. Isso porque o uso de anticoagulantes também está associado a efeitos colaterais importantes em pessoas idosas, incluindo o sangramento digestivo ou sangramento do cérebro, uma espécie de derrame por hemorragia.
De acordo com o médico, há dois problemas potenciais ligados à automedicação. "O primeiro é que os medicamentos podem estar associados com efeitos colaterais potencialmente graves. A pessoa ao invés de se beneficiar do efeito do medicamento, vai se prejudicar", explica. O segundo caso é específico para os antibióticos. Quando mal utilizada, essa medicação pode levar ao desenvolvimento de superbactérias, resistentes aos antibióticos e extremamente difíceis de serem tratadas.
Algumas pessoas têm buscado a vitamina D como uma forma de fortalecer o organismo contra a infecção de coronavírus. De acordo com o infectologista, não há indicação. "O que sabemos é que pessoas com baixos níveis de vitamina D podem desenvolver outras complicações clínicas e ficar mais vulneráveis às complicações da Covid-19", afirma. "Assim, a gente pode pensar que um baixo nível de vitamina D pode ser um indicativo de que a pessoa possa estar mais vulnerável a outras comorbidades e talvez ela realmente possa tomar um pouco de vitamina D para atingir os valores considerados normais pela população", afirma.
Agora que você aprendeu mais sobre os medicamentos para tratamento da Covid-19, pode compartilhar o texto com amigos e familiares! Se apresentar qualquer sintoma, procure atendimento médico. E lembre-se de se proteger com máscara e álcool gel sempre.
Para saber mais sobre Coronavírus e Covid-19, leia neste post.
Nossa senhora!!! Porque não entrevistam o Dr Ricardo Zimerman??? Tantas evidências sobre os medicamentos citados e muitos outros já descobertos como a Dutasterida.
Que desserviço...
Procurem as evidências científicas e não as tendenciosas.
Olá, Carolina. Sentimos muito que nosso conteúdo não tenha suprido suas expectativas. Nossa publicação está baseada em estudos científicos e foram respondidas por um médico infectologista que está atuando na linha de frente de combate à pandemia.
Ficamos à disposição para responder a dúvidas que surgirem sobre o assunto. Até mais.
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