Quando o calendário de um novo ano se inaugura, é comum fazermos balanços e traçarmos metas para os próximos meses. Em meio a tantos objetivos relacionados à carreira, às finanças e à saúde física, é importante dedicar atenção também à nossa saúde mental. O Janeiro Branco surge para chamar a atenção para essa questão que, apesar de importante, muitas vezes é negligenciada.
“A definição de saúde mental da Organização Mundial da Saúde (OMS) é muito mais do que a ausência de doenças, e sim um estado de bem-estar formado por diversos elementos. Estar com a saúde mental ‘em dia’ é sinônimo de uma vida mais leve e com mais propósito”, explica a psicóloga Joana Senger.
O Janeiro Branco é uma campanha dedicada à conscientização sobre a importância da saúde mental. Criada em 2014 por psicólogos brasileiros, a iniciativa utiliza o simbolismo de recomeços associado ao mês de janeiro para incentivar reflexões e mudanças que promovam o bem-estar emocional. Assim como muitas pessoas começam o ano estabelecendo novas metas, a campanha convida a colocar a saúde mental como prioridade ao longo do ano.
Apesar de ser um pilar fundamental para o bem-estar geral, a saúde mental é cercada por estigmas e preconceitos. Muitas vezes, os transtornos psicológicos são vistos como fraqueza ou algo que pode ser ignorado, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento adequado. Dados da OMS mostram que a depressão é uma das principais causas de incapacidade no mundo, afetando mais de 280 milhões de pessoas globalmente.
Ao promover o debate e a conscientização, o Janeiro Branco ajuda a reduzir o estigma, encoraja as pessoas a buscarem ajuda e reforça a importância de políticas públicas voltadas à saúde mental.
O mês de janeiro costuma ser um período de grande pressão emocional. Muitas pessoas sentem a necessidade de recomeçar, traçar metas ambiciosas e lidar com as cobranças internas ou externas. Essa combinação pode gerar ansiedade, desânimo ou mesmo sensação de fracasso.
Em meio a essa mistura de sensações, o Janeiro Branco nos lembra que é fundamental cuidar do bem-estar emocional durante esse período. Afinal, não é preciso abraçar todas as metas de uma vez, e priorizar a saúde mental deve ser o ponto de partida para qualquer planejamento.
Quando falamos em saúde mental, o psicólogo desempenha um papel essencial na promoção do bem-estar emocional e na ressignificação de experiências que causam sofrimento. Ele atua como um facilitador, ajudando o paciente a compreender como interpreta os acontecimentos e como essas percepções influenciam sua vida. Assim, auxilia na construção de novos repertórios, permitindo ao paciente lidar com os desafios de maneira mais saudável e alcançar um estado de equilíbrio emocional.
“Muitas pessoas falam que sabem o que fazer ou que podem conversar com um amigo, mas cabe ressaltar, que além de o psicólogo ser um profissional formado e que possui técnica, o espaço terapêutico também é um lugar seguro e sem julgamento para que o sujeito possa se sentir à vontade para trazer toda e qualquer demanda”, explica Joana Senger.
A psicóloga explica que muitas pessoas deixam situações chegarem no limite do sofrimento para buscar ajuda ou fazer mudanças. Isso ocorre especialmente devido ao estigma envolvido na busca da terapia. “Adiar o momento de procurar apoio profissional é perigoso pois pode levar ao desenvolvimento de algum transtorno como depressão e ansiedade. Portanto, um dos grandes pilares da saúde mental é estarmos atentos a nós mesmos e às nossas necessidades. Podemos procurar ajuda frente a alguma situação difícil ou para fortalecer o nosso autoconhecimento. Terapia é para todos”, afirma.
Em 2025, o tema do Janeiro Branco é “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”. A campanha incentiva cada pessoa a refletir sobre a própria saúde emocional e a buscar apoio, se necessário. Confira algumas maneiras de se engajar:
Já que o Janeiro Branco é um convite para colocar o bem-estar emocional no topo de nossas prioridades, conheça uma lista de ações práticas que você pode adotar no seu dia a dia:
Ao nos conscientizarmos sobre a saúde mental, contribuímos para uma sociedade mais acolhedora, empática e preparada para enfrentar os desafios do dia a dia.
Especialista em Terapia Cognitivo comportamental e doutoranda na UFRGS. CRP 07/27583.