O Janeiro Branco, campanha criada em 2014 por um grupo de psicólogos em Uberlândia, Minas Gerais, chama a atenção para a saúde mental e a vida. O primeiro mês do ano foi escolhido para representar a campanha porque há uma tendência de as pessoas criarem metas e expectativas para o ano.
“É muito comum que, ao final de cada ano, as pessoas avaliem como foi o ano que está terminando e reflitam sobre o que querem para o próximo. Assim, o mês de janeiro foi escolhido por representar, simbólica e culturalmente, um momento de renovação de esperanças”, explica a psicóloga clínica Samantha Dubugras Sá, doutora em psicologia, diretora interdisciplinar do Instituto Proteger e professora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
A campanha tem como objetivo principal levantar debates e criar ações para a promoção e a conscientização da importância da saúde mental. Essa conscientização, segundo Samantha, é fundamental, uma vez que os cuidados com a saúde mental ainda são alvo de muito preconceito.
“Vivemos um momento de grande valorização das aparências, do corpo. Um culto à felicidade constante. Basta vermos o fenômeno das Redes Sociais e seus filtros! As pessoas se sentem como que obrigadas a estarem sempre bem. O que reforça a ideia ‘absurda’ que, buscar a ajuda de um profissional da saúde mental, é um sinal de fraqueza”, afirma a psicóloga.
Cuidar de si vai muito além da saúde física. Para ter o corpo são, é preciso estar com a mente sã também. A saúde mental ou psíquica, segundo a psicóloga, não é sinônimo de não ter um transtorno mental ou ausência de algum sofrimento.
Ela explica que a saúde mental está associada ao equilíbrio emocional, com a capacidade que cada indivíduo tem de lidar com as crises e os conflitos, e, ainda, de experienciar momentos felizes. “Junto a isso, poder reconhecer e respeitar nossos limites e deficiências, podendo, quem sabe, superá-los ou ressignificá-los, buscando ajuda quando necessário”.
Durante o atual cenário de pandemia, cuidar da saúde mental é ainda mais necessário. Em decorrência do distanciamento social e das enxurradas de notícias nada satisfatórias, podemos acabar afetando a nossa mente. Tentar filtrar seus pensamentos e não absorver sentimentos ruins pode, no entanto, ser uma saída.
“Precisamos lembrar que, se o distanciamento social for necessário, o distanciamento afetivo não o é. Podemos conversar com amigos ou com a família por mensagens, ligações telefônicas ou videochamadas; ou seja, estar afetivamente próximo das pessoas. Isso também nos faz relembrar que existe uma rede de apoio com a qual podemos contar”, destaca a psicóloga.
Evitar comparar-se com outras pessoas também é um passo importante. Cada pessoa vive uma determinada realidade, tem um pensamento distinto do outro e uma maneira para lidar com a situação que estamos vivendo. Por isso, evite fazer comparações, e busque sempre se adequar ao seu jeito de enfrentar as adversidades.
“É uma situação pela qual jamais imaginamos passar, é um momento de crise, então é absolutamente normal e esperado, nos sentirmos tristes em alguns momentos. A pandemia e o distanciamento social geram diversas emoções que são difíceis de lidar. Não podemos nos cobrar, estarmos bem o tempo todo”, aponta Samantha.
Às vezes podemos deixar passar despercebido algum sinal de que a nossa saúde mental está precisando de um cuidado maior. É comum nos questionarmos sobre os nossos sentimentos, que, muitas vezes, acaba sendo difícil diferenciá-los.
De acordo com a professora de Psicologia, para buscar a ajuda de um profissional não é preciso chegarmos ao nosso limite ou quando nos encontramos em um quadro mais grave. “A ajuda psicológica pode ser procurada a qualquer momento, por qualquer pessoa que queira entender e lidar melhor com as suas emoções e sentimentos”, reforça.
Além destes sinais, sentir dores constantes podem ser sinais que o corpo emite associados ao sofrimento psíquico. Isso porque, quando não devidamente tratados, os problemas de ordem emocional podem afetar a saúde física.
O acompanhamento com um profissional especializado é fundamental para manter o bem-estar mental. Porém, aliada a psicoterapia, outras medidas podem ser seguidas:
E não esqueça: converse com alguém próximo sempre que sentir necessidade e busque ajuda profissional. É possível encontrar atendimentos psicológicos gratuitos disponíveis através do Sistema Único de Saúde (SUS), recursos da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PnPiC) ou nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Fonte: Infohealth
Parabéns pelo excelente texto. Tema muito oportuno.
Neiva