A saúde dos rins é um aspecto fundamental do bem-estar geral, mas muitas vezes negligenciado até que surjam complicações graves. O nefrologista Guilherme Dorigo, da Clínica do Rim em Passo Fundo, alerta para a necessidade de prevenção e monitoramento regular da função renal, especialmente diante de doenças sistêmicas como hipertensão e diabetes.
"A principal causa de doença renal no Brasil é a pressão alta, seguida do diabetes", explica o especialista. Essas são condições silenciosas que, quando não diagnosticadas e tratadas precocemente, podem levar à perda progressiva da função renal, culminando em casos graves que demandam hemodiálise, tratamento feito em ambiente hospitalar ou em clínica especializada no qual a filtragem do sangue é realizada externamente, com auxílio de máquinas (dialisadores).
O problema, segundo Dorigo, está na falta de sintomas evidentes nos estágios iniciais dessas doenças. "Muitas vezes, quando o paciente começa a apresentar sintomas como dor de cabeça, tontura e alterações na visão, ele já vinha convivendo com a pressão alta por anos sem tratamento adequado, comprometendo os rins sem perceber", alerta.
Felizmente, exames acessíveis, como os que mede creatinina e ureia, permitem um diagnóstico precoce. "Simples exames de urina são suficientes para detectar possíveis alterações renais antes que evoluam para um quadro mais grave", afirma Dorigo. Ele reforça que esses exames devem fazer parte do check-up periódico, com frequência ajustado conforme a faixa etária e histórico médico do paciente. "São exames indolores, de baixo custo e que podem fazer uma grande diferença na saúde a longo prazo", complementa.
Os hábitos de vida também têm um impacto significativo na saúde renal. "O consumo excessivo de sal, gorduras e carboidratos aumenta o risco de hipertensão e diabetes, que, por sua vez, podem levar a complicações renais", explica o nefrologista. Ele também alerta sobre o uso indiscriminado de medicamentos e suplementos, que podem sobrecarregar os rins. "Hoje vemos muitas pessoas usando polivitamínicos e suplementos sem necessidade, apenas porque ouviram falar ou viram na televisão. Esses produtos podem ter efeitos adversos, e seu uso deve ser orientado por um profissional de saúde."
Dorigo também destaca que a saúde renal está diretamente ligada a uma abordagem mais ampla de bem-estar. "Não se trata apenas de evitar alimentos prejudiciais, mas também de adotar um estilo de vida equilibrado, que inclua hidratação adequada, exercícios físicos regulares e controle do estresse. O estresse crônico pode impactar a pressão arterial, que, por sua vez, afeta a saúde dos rins", ressalta.
Para Dorigo, a chave para uma boa saúde renal está na prevenção e no conhecimento. "Se a doença é suficientemente grave para lesionar os pequenos vasos do corpo, como os dos olhos e do coração, ela também é capaz de danificar os vasos renais, comprometendo sua função", destaca.
Na próxima semana, celebra-se o Dia Mundial do Rim, uma data que reforça a importância da conscientização sobre as doenças renais e seus fatores de risco. "Quando prevenimos doenças sistêmicas por meio de hábitos saudáveis, estamos também protegendo a saúde dos nossos rins", finaliza o especialista.
O recado é claro: monitorar a pressão arterial, manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos e realizar exames de rotina são passos essenciais para evitar complicações renais no futuro. A prevenção é sempre o melhor remédio. Conscientizar-se sobre a importância da saúde renal não é apenas um ato de cuidado pessoal, mas também um investimento na qualidade de vida a longo prazo.
