A Doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, progressiva e incapacitante, principalmente se não tratada adequadamente. Sua incidência vem aumentando nas últimas décadas, sobretudo nos pacientes mais idosos, a partir dos 65 anos.
Ela é causada pelo acúmulo anormal da proteína alfa-sinucleína nas células. Em excesso, essa substância se torna tóxica, gerando processos danosos progressivos com o passar do tempo. “A degeneração dos neurônios na substância negra do cérebro, causado pelo acúmulo de alfa-sinucleína, leva à diminuição da produção de dopamina, neurotransmissor que está em falta nesta doença. Basicamente, queiramos ou não, a doença vai evoluir, invariavelmente”, explica o neurologista Vitor Picanço.
Os sintomas da doença de Parkinson geralmente se desenvolvem de forma gradual e podem variar de pessoa para pessoa. Os principais sinais e sintomas incluem:
"É importante lembrar que o tremor não é o principal sintoma da doença de Parkinson. Ele pode estar ausente em até 20% dos casos. O sinal indispensável é a bradicinesia, que pode estar associada ao tremor e/ou rigidez. Esta é a tríade principal da doença", explica o neurologista.
Outros sintomas motores são a perda da expressão facial e a dificuldade na articulação da fala e na deglutição. Além disso, há sintomas não motores, como dificuldade para evacuar diariamente, alteração do olfato, distúrbios do sono, depressão, ansiedade, dor, alteração cognitiva, sintomas urinários de incontinência, disfunção sexual e salivação excessiva, entre outros.
“Sintomas como dificuldade para evacuar, alteração de olfato e distúrbio comportamental do sono REM, podem estar presentes antes mesmo dos sintomas motores surgirem, até 10 anos antes”, ressalta o médico.
Embora não haja cura para a doença de Parkinson, existem diversas abordagens terapêuticas que visam controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A principal terapia, desde a década de 70, é a levodopa. Conheça
"O tratamento é individualizado e deve ser ajustado ao longo do tempo. Em muitos casos, conseguimos proporcionar uma boa qualidade de vida ao paciente com a combinação certa de medicamentos e terapias complementares", afirma o neurologista.
Embora não exista uma forma comprovada de prevenir a doença de Parkinson, a adoção de um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de desenvolvimento da doença. Recomenda-se:
“Embora o tabagismo, conforme a literatura nos informa, funcione como um fator protetor, não é orientado que o paciente fume, visto os outros danos importantes causados pela prática”, explica Picanço.
É importante destacar que, diante de sintomas sugestivos da doença de Parkinson, é essencial procurar um neurologista para avaliação e diagnóstico precisos. O acompanhamento médico adequado permite a implementação de estratégias terapêuticas personalizadas, visando o bem-estar e a qualidade de vida do paciente.
Dr. Vitor Picanço
Médico neurologista, especialista em Distúrbios do Movimento (D. Parkinson) e Cefaleia pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Também é membro do corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.