A obesidade é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de várias doenças ao longo da vida. Quando falamos das crianças, então, ela pode ser mais perigosa. O Dia da Conscientização Contra a Obesidade Infantil, nesta quinta-feira, alerta sobre os cuidados na prevenção e tratamento.
Considerada uma epidemia mundial, a obesidade infantil é a doença crônica mais comum dessa faixa etária. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que 41 milhões de crianças com menos de cinco anos estejam acima do peso em todo o mundo. No Brasil, 33,5% das crianças sofrem com sobrepeso ou obesidade.
Além da maior probabilidade de uma criança com excesso de peso se tornar um adulto com obesidade, essa condição prejudica o funcionamento do organismo em diversos aspectos. "O excesso de gordura corporal interfere diretamente em seus processos metabólicos. Por isso as crianças podem desenvolver diabetes, pressão alta e alterações de colesterol, além de apneia do sono e alterações articulares", diz a pediatra Natasha Balen Carazzo, pós-graduada em Nutrologia e professora de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF).
A doutora Natasha explica que a classificação da obesidade na infância varia conforme o gênero e idade da criança. Além do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), é necessário avaliar a curva de crescimento infantil. Fique atento: esse diagnóstico só pode ser feito por um profissional de saúde - como pediatra, nutricionista ou educador físico. Eles estão capacitados para avaliar se a criança apresenta ou não obesidade infantil e direcionar a família para o tratamento adequado. Para isso, o profissional irá considerar:
"Além do IMC, a medida da circunferência abdominal e a definição do percentual de gordura das crianças também são alguns dados adicionais que nos ajudam a tirar conclusões sobre o excesso de peso nas crianças", afirma a pediatra. O tratamento para a obesidade infantil vai considerar a idade, peso e características da criança. Geralmente, passa pela mudança dos hábitos alimentícios e pelo aumento das atividades físicas. Em situações específicas, também pode incluir medicação.
Por sua experiência no consultório, a pediatra observa que as maiores barreiras à alimentação saudável começam aos dois anos. "Percebo que, até a criança atingir essa idade, muitos pais capricham na alimentação delas. Fazem uma boa introdução alimentar e evitam doces e refrigerantes, o que está super recomendado. Porém, a partir dos dois anos, a criança começa a consumir a mesma comida da família, e pode iniciar um ganho de peso muito rápido", conta Natasha.
Esse ganho rápido de peso ocorre porque, a partir dos dois anos, muitos pais esquecem que a base para uma alimentação infantil saudável - assim como a adulta -, são os alimentos saudáveis, como frutas e legumes, e não guloseimas, salgadinhos e alimentos ultra processados.
"É preciso, controlar o consumo de alimentos muito calóricos, manter uma rotina de atividade física com as crianças e servir de exemplo para elas. As crianças prestam muito mais atenção no que os pais fazem do que naquilo que eles falam", diz a médica.
Veja as dicas para melhorar a alimentação das crianças:
Quer mais uma diquinha? Risque alimentos ricos em açúcar, corantes e excesso de gorduras saturadas, como sorvetes, doces e refrigerantes, daqueles a serem oferecidos a crianças com menos de dois anos. E, mesmo após essa idade, recomenda-se bastante controle. "Uma rotina regrada funciona melhor para manter a saúde a longo prazo, do que realizar proibições", explica a pediatra.
Tão importante quanto a alimentação, a atividade física é fundamental para que as crianças possam queimar calorias. É uma prática cujos resultados vão além do controle do peso. Praticar esportes ou atividades físicas regularmente fortalece ossos e músculos, ajuda as crianças a terem uma boa noite de sono e permanecerem alertas durante o dia, reduz a ansiedade e o estresse e ajuda a aumentar a autoestima e o controle do colesterol.
"A atividade física atua na prevenção e no tratamento da obesidade infantil. As crianças precisam se manter ativas. Brincadeiras e atividades que aumentem a frequência cardíaca elevam o gasto calórico e são potentes redutoras de ansiedade", diz Natasha.
Assim como a alimentação, o exemplo também pode vir dos adultos. Se exercitar juntos é, além de saudável, divertido, e ajuda a estreitar os vínculos entre pais e filhos. Estabelecer hábitos saudáveis ainda na infância ajudará as crianças a manter um peso saudável na adolescência e na vida adulta.
"Sabemos que nosso estilo de vida hoje é de uma menor movimentação e de maior consumo de alimentos industrializados, mas não podemos esquecer que a criança tem direito a uma vida saudável. Elas são apenas crianças e não sabem como fazer escolhas nutricionais adequadas. Os pais precisam ser exemplo e cuidar da saúde dos seus pequenos. Com certeza no futuro eles irão agradecer pelo carinho e cuidado que tiveram com eles", acredita a pediatra Natasha.
Que tal aproveitar o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Infantil para repensar hábitos alimentares e planejar uma rotina mais saudável? Você pode mudar a alimentação aos poucos e aproveitar o feriado para praticar algum esporte ao ar livre. O primeiro passo é o mais importante para incluir novos hábitos na rotina da sua família!