Além de deixar o sol vermelho e modificar o horizonte das cidades, a fumaça provocada por queimadas e incêndios registrados em grande parte do país nas últimas semanas pode provocar problemas respiratórios e danos à saúde. Apenas em São Paulo, 76 pessoas morreram de agosto até a primeira semana de setembro devido à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma inflamação severa dos pulmões que dificulta a respiração.
A médica pneumologista Vanessa Cristina Hartmann dos Santos, professora do curso de Medicina da Universidade Feevale, explica que pacientes com doenças cardiovasculares e respiratórias, assim como bebês, crianças pequenas e idosos são os que mais sofrem com os efeitos da poluição.
“Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 99% da humanidade respira ar poluído. A situação causa cerca de 8 milhões de mortes prematuras anuais, incluindo mais de 700 mil crianças menores de cinco anos”, ressalta a professora.
O ar que respiramos também está diretamente relacionado ao desenvolvimento de distúrbios como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), uma doença progressiva que provoca:
“Em pessoas que não fumam, a poluição do ar é o principal fator de risco para desenvolvimento de DPOC. O ar de qualidade pobre está associado também a crises agudas da DPOC (chamadas de exacerbações), hospitalização e mortalidade”, afirma a pneumologista.
Em períodos de maior concentração de poluentes no ar, como o que vivemos na primeira quinzena de setembro, a professora recomenda que pessoas com asma evitem atividades físicas ao ar livre e priorizem permanecer mais tempo em ambientes fechados, com o clima mais controlado.
Para a população geral, a pneumologista orienta a:
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) afirma que a fumaça já cobre 60% do território nacional, uma área de 5 milhões de quilômetros quadrados, e as regiões Sudeste e Sul estão entre as mais afetadas.
As queimadas são processos de combustão da matéria orgânica presente em áreas de vegetação e envolvem fatores humanos e naturais. Elas ocorrem quando há a presença de três elementos essenciais
De acordo com a professora Daiane Bolzan Berlese, do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambientalda Universidade Feevale, as queimadas impactam o Brasil das mais diferentes formas, especialmente ambientais, sociais, econômicos e de saúde.
Entre os impactos ambientais, é importante citar:
“Além disso, tem efeitos diretos na economia, agricultura e gastos para controle dos incêndios. Sem contar o impacto imensurável na saúde da população, especialmente crianças e idosos”, explica a professora.