O câncer infantil é uma doença rara, mas que pode afetar crianças de qualquer idade. Como não existe um meio eficaz de preveni-lo, o conhecimento sobre seus sintomas e o diagnóstico precoce são essenciais para aumentar as chances de cura.
"Infelizmente, nós não temos como saber qual criança tem mais chance de desenvolver um câncer quando comparado com outras crianças. Então, não tem comofazermos uma prevenção ou triagem para essa doença", explica a hematologista pediátrica Virginia Tafas da Nóbrega.
Muitas vezes, os sintomas do câncer infantil são semelhantes a doenças comuns da infância, como:
"Muitas vezes, a criança se apresenta com febre, com dores no corpo, com perda de peso. Só que esses sintomas não melhoram em cinco, seis ou sete dias. Eles duram mais tempo", alerta a médica.
Outros sinais importantes incluem anemias persistentes, manchas roxas no corpo sem motivo aparente, perda de apetite e a presença de tumores ou inchaços em diferentes partes do corpo. "Os sintomas mais comuns do câncer infantil são aqueles em que a criança para de brincar, se sente cansada demais, a febre já dura mais de 15 dias e não melhora", destaca Virginia.
"O tipo de câncer vai ser definido pela localização", explica a especialista. "No caso das crianças, o tipo de câncer mais comum são as leucemias, seguido dos tumores cerebrais e depois dos linfomas."
Diante de sintomas persistentes, é essencial buscar avaliação médica especializada. O diagnóstico do câncer infantil só é confirmado após exames específicos, como a biópsia do tumor e exames de imagem. "Uma criança que apresenta uma tumoração na perna só vai ter o diagnóstico de câncer no momento em que essa tumoração for biopsiada", explica a hematologista pediátrica.
Exames simples, como hemograma e raio-X, também podem ajudar a identificar alterações suspeitas. "No momento em que o profissional da saúde pede um exame mais assertivo, a chance do diagnóstico precoce aumenta, e o diagnóstico precoce é o que realmente vai fazer a diferença para a cura dessa criança."
O tratamento do câncer infantil é desafiador e pode envolver quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Durante essa jornada, o apoio da família é essencial. "Eu sempre faço analogia com os pais de que eles estão entrando numa guerra. Na guerra, é óbvio que a gente sempre entra para vencer, mas são várias pequenas batalhas que temos que enfrentar", reflete Virginia.
Mesmo com os desafios, há esperança. "Hoje nós avançamos muito no tratamento das crianças com câncer", afirma a especialista. "Sempre deixar o alerta que o diagnóstico precoce é fundamental. As famílias devem procurar e exigir um atendimento de qualidade, exames, um diagnóstico, uma avaliação especializada."
O Instituto do Câncer Infantil (ICI) tem um papel fundamental no apoio a crianças e famílias em tratamento. Um dos seus principais serviços é o Teleoncopedi, que oferece teleconsultoria para casos suspeitos de câncer. "Esse serviço pode ser acessado e ser discutido o caso junto com um oncologista pediátrico, um especialista no assunto", explica Virginia.
Além disso, o ICI também promove suporte emocional e financeiro para famílias, ajudando a enfrentar os desafios do tratamento. "Se as pessoas querem ajudar, que ajudem dessa forma, que vai fazer muito mais bem para essa família, para essas crianças", finaliza a médica, que é consultora do Instituto.
A conscientização sobre os sinais e sintomas do câncer infantil, aliada ao diagnóstico precoce e ao suporte das instituições especializadas, é essencial para salvar vidas. Se você conhece uma família passando por essa situação, ofereça apoio e acolhimento.
Se você deseja contribuir para a causa do câncer infantil, considere apoiar organizações como o Instituto do Câncer Infantil. Você pode fazer doações, se voluntariar ou ajudar na divulgação de informações sobre a importância do diagnóstico precoce. Cada ação conta para garantir que mais crianças tenham acesso ao tratamento adequado e possam ter um futuro saudável.
Médica hematologista pediátrica. Atua como professora de medicina na Escola de Medicina PUCRS e médica consultora do Instituto do Câncer Infantil. Integra o Departamento Científico de Hematologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e a diretoria da Sociedade Gaúcha de Pediatria. Também e membro da Sociedade Americana de Hematologia e Oncologia Pediátrica (ASPHO).