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Câncer: a importância da prevenção e do diagnóstico precoce

Câncer: a importância da prevenção e do diagnóstico precoce

19/02/2025
6 min. de leitura

Quando falamos em câncer, um dos erros mais comuns é tratá-lo como se fosse uma doença única. Na verdade, trata-se de um grupo diversificado de doenças que podem afetar diferentes órgãos e sistemas do corpo humano, conforme explica o oncologista Alexei Peter dos Santos, mestre em Educational Technology pela Universidade da British Columbia, no Canadá: "o câncer é um conjunto de doenças agrupadas sob o mesmo nome, e isso prejudica a percepção da população de que um câncer pode ser muito diferente do outro".

Esse entendimento é o primeiro passo para a compreensão de que cada tipo de câncer tem causas, sintomas e tratamentos diferentes. O mais comum é o câncer de pele, que, em mais de 90% dos casos, e pode ser curado com cirurgia. "Porém, existe o melanoma, um câncer de pele mais raro, mas extremamente agressivo", destaca o especialista. 

Rastreamento e diagnóstico precoce do câncer

O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de tratamento eficaz do câncer e está diretamente relacionado à possibilidade de cura. No entanto, nem todos os tipos de câncer possuem exames de rastreamento eficazes.

No caso do câncer de pulmão, um dos mais letais, a tomografiaé indicada para pacientes entre 50 e 80 anos com histórico de tabagismo. Já o câncer do colo do útero pode ser prevenido por meio do exame de Papanicolau e da vacina contra o HPV. "Se conseguirmos uma grande abrangência na vacinação, poderemos extinguir essa doença nas próximas décadas", afirma o oncologista.

Além disso, o médico destaca que a conscientização sobre exames preventivos ainda precisa melhorar. "Muitas pessoas evitam exames por medo do diagnóstico. Mas, na verdade, detectar a doença no início salva vidas. Precisamos desmistificar o câncer e encará-lo como uma doença tratável, principalmente quando diagnosticado precocemente", enfatiza Santos.

Fatores de risco e prevenção do câncer

A prevenção do câncer está fortemente ligada a hábitos de vida saudáveis. "Para evitar o câncer, a principal recomendação é não fumar", destaca o oncologista. O tabagismo é um dos principais fatores de risco para vários tipos de câncer, incluindo pulmão, boca, laringe e bexiga. O consumo de álcool também é um fator de risco significativo, especialmente quando combinado com o tabagismo.

Outro ponto essencial é a proteção contra a radiação solar. "Nos estados do sul do Brasil, onde a imigração inclui uma população de pele muito clara, a incidência de melanoma é elevada. O uso de protetor solar deve ser incentivado, não apenas na praia, mas também entre trabalhadores rurais e pessoas que se expõem ao sol diariamente", explica o oncologista.

A alimentação e a prática de atividade física também desempenham papel crucial na prevenção. "A obesidade está associada a um risco aumentado de vários tipos de câncer, como o de endométrio e mama, pois influencia a produção hormonal do organismo", alerta o médico.

Além disso, Santos reforça a importância da moderação no consumo de alimentos ultraprocessados. "Sabemos que uma dieta rica em produtos industrializados, com excesso de açúcares e gorduras, está associada ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A recomendação é dar preferência a alimentos naturais e manter um equilíbrio na alimentação", aconselha.

Câncer e a genética

Embora muitos fatores de risco sejam ambientais e comportamentais, o câncer também pode ter um componente genético. "Existem grupos familiares e étnicos com maior predisposição a certos tipos de câncer. Entretanto, essa predisposição pode ser acelerada ou retardada dependendo dos hábitos de vida", explica Alexei.

A incidência do câncer também aumenta com o envelhecimento. Isso se deve, em parte, à evolução da medicina, que tem permitido que mais pessoas vivam por mais tempo. "Se não tivéssemos avançado no tratamento das doenças cardiovasculares, que ainda são a principal causa de morte em muitos lugares, menos pessoas chegariam à idade em que o câncer é mais comum", conclui o oncologista.

Além disso, o especialista ressalta que testes genéticos podem ser um recurso valioso para famílias com histórico de câncer. "Atualmente, conseguimos identificar mutações genéticas que aumentam o risco para certos tipos de câncer, como as mutações BRCA1 e BRCA2 no câncer de mama e ovário. Isso permite estratégias personalizadas de prevenção e acompanhamento mais rigoroso", explica.

A evolução do tratamento do câncer

Ao longo das últimas décadas, o acompanhamento do câncer evoluiu de maneira significativa, passando de abordagens generalizadas para terapias mais direcionadas e eficazes. No passado, os tratamentos se baseavam principalmente na quimioterapia, que atacava não apenas as células cancerígenas, mas também células saudáveis, gerando efeitos colaterais severos. Com o avanço da pesquisa, surgiram as terapias-alvo, que agem em mutações específicas das células tumorais, reduzindo impactos negativos no organismo. Além disso, a imunoterapia revolucionou o tratamento ao reativar o sistema imunológico do paciente, permitindo que ele próprio reconheça e combata as células cancerígenas de forma mais eficiente.

Essas inovações têm aumentado tanto a expectativa quanto a qualidade de vida dos pacientes, permitindo que muitos vivam por anos ou até décadas após o diagnóstico, especialmente em alguns tipos de câncer, como o de pulmão.

“No início do século, imaginávamos que um paciente com câncer de pulmão metastático viveria, em média, de 8 a 10 meses. Atualmente, essa média é contada em anos. E em alguns subtipos de câncer de pulmão, podemos até pensar, muitas vezes, em décadas de sobrevida”, exemplifica Santos.

Câncer e autoestima

O médico ressalta a importância de remover o estigma do câncer para que mais pessoas busquem diagnóstico precoce e tratamento adequado. O medo e a negação ainda fazem com que muitos evitem exames preventivos, acreditando que "quem procura, acha". No entanto, a detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura e melhora da qualidade de vida.

Outro fator crucial é o impacto psicológico do diagnóstico. Muitas pessoas encaram o câncer como uma sentença de morte, o que pode afetar sua disposição para lutar contra a doença. Criar um ambiente de informação e apoio ajuda a reforçar que o câncer é tratável e que há esperança.

Neste sentido, uma das iniciativas importantes é o Projeto Camaleão, voltado para oferecer apoio e qualidade de vida a pessoas com câncer. Ele promove ações de acolhimento, assistência emocional e atividades que ajudam na autoestima e bem-estar dos pacientes, como oficinas, eventos e distribuição de perucas. O projeto busca sensibilizar a sociedade sobre a importância do suporte integral durante o acompanhamento oncológico.

Acabar com o estigma do câncer exige um esforço conjunto de prevenção, rastreamento e tratamento adequado. Hábitos saudáveis, acesso a exames preventivos e conscientização sobre os fatores de risco são essenciais para reduzir a incidência da doença ou fazer com que o tratamento seja bem-sucedido. A ciência avança constantemente, mas a prevenção ainda é a melhor estratégia para combater o câncer e garantir mais qualidade de vida para todos.

Dr. Alexei Peter dos Santos

Médico oncologista, mestre em “Educational Technology” pela Universidade da British Columbia (Vancouver - Canadá). É presidente do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (Intes) e da Aliança Internacional para Redução de Agravos em Saúde (Airas). Também é embaixador da African Global Health no Brasil e médico colaborador do Instituto Camaleão.

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