Você já ouviu falar em disbiose? Esse termo, cada vez mais discutido em consultórios médicos e nas redes sociais, refere-se à desregulação da microbiota intestinal — o conjunto de microorganismos que habita o intestino humano.
De acordo com o gastroenterologista Pedro Ferrarin, professor da Escola de Medicina da Universidade de Passo Fundo, a disbiose ocorre quando há uma quebra na harmonia da microbiota. “É uma alteração do microbioma que foge do conceito de eubiose, ou seja, uma simbiose adequada entre número, espécies e qualidade de microorganismos como bactérias, fungos e vírus”, explica.
O intestino é muito mais do que um simples órgão digestivo. Ele está diretamente conectado ao cérebro e ao sistema imunológico por meio do eixo cérebro-intestino-microbiota. Quando ocorre disbiose, a população de cepas pró inflamatórias aumenta e a de cepas anti-inflamatórias diminui, afetando todo o organismo
“Isso pode atuar como gatilho para diversas condições, como síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, intolerâncias alimentares e até transtornos do humor”, ressalta Ferrarin.
Os sinais da disbiose incluem:
De acordo com Ferrarin, vários fatores podem desencadear a disbiose, entre eles:
Ferrarin também chama atenção para uma condição mais severa chamada SIBO (“Small Intestinal Bacterial Overgrowth”), que se caracteriza pelo crescimento bacteriano no intestino delgado. “O SIBO gera sintomas intensos, como estufamento extremo, e requer tratamento específico”, alerta.
A boa notícia é que a disbiose pode ser prevenida e tratada com algumas mudanças de hábitos. A alimentação é o ponto de partida. “Uma dieta rica em fibras, que funcionam como prebióticos, é essencial para nutrir os microorganismos benéficos”, orienta Ferrarin. Ele também destaca outros pilares da prevenção:
Nos casos em que a disbiose já está instalada, o tratamento pode incluir suplementação com fibras e probióticos. “A escolha da cepa do probiótico depende do objetivo e das condições de saúde do paciente”, esclarece o especialista. Em situações mais graves, como o SIBO, pode ser necessário o uso de antibióticos específicos.
O médico enfatiza a importância do acompanhamento por um gastroenterologista para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. “Cada paciente é único, e os tratamentos não são iguais para todos. O papel do médico é essencial para evitar complicações e promover o retorno à eubiose”, finaliza.
Manter o intestino saudável é mais do que uma questão de bem-estar — é uma medida fundamental para a saúde integral. Pequenas mudanças na alimentação e no estilo de vida podem fazer uma grande diferença para prevenir a disbiose e suas complicações. Se você tem experienciado algum dos sintomas descritos, procure um especialista para uma avaliação detalhada.
Médico gastroenterologista, professor da Escola de Medicina da Universidade de Passo Fundo.