A mpox, doença causada por um vírus que foi declarada como emergência sanitária pela Organização Mundial de Saúde (OMS), tem gerado preocupação pela notificação de novos casos no Brasil. O alerta foi realizado para criar uma resposta internacional coordenada e colaborativa para lidar com a doença e não significa que, necessariamente, ocorrerá uma nova pandemia.
De acordo com o Ministério da Saúde, há preocupação sobretudo com a rápida propagação da nova variante da mpox, a Cepa 1b, encontrada no continente africano. De acordo com o último relatório do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (Africa CDC), o país registrou mais de 14 mil casos da doença somente este ano e foram registradas 450 mortes.
O virologista Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade Feevale, explica que a mpox, anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”, é uma doença viral causada por um vírus denominado MPXV.
“Antigamente restrita ao continente africano, a mpox passou a se disseminar mundialmente em meados da década passada. Em 2022, uma linhagem mais branda do vírus (o chamado Clado II) se alastrou pelo mundo, circula até hoje e vem causando, recentemente inclusive, um aumento do número de casos no Brasil”, afirma o virologista.
O professor também informa que atualmente, o risco para a população brasileira é considerado baixo pelo Ministério da Saúde. “No entanto, é importante manter a vigilância e seguir as recomendações de saúde pública para evitar surtos, pois a doença é bastante contagiosa”, pondera.
As autoridades de saúde têm observado que a variante Clado 1b, que circula na África Central, é mais fácil de transmitir e está afetando principalmente crianças. Ela também pode se espalhar por meio de diferentes modos de transmissão e não apenas por contato próximo e prolongado.
O cenário epidemiológico da mpox no Brasil não apresentou mudança, ou seja, há estabilidade no volume de casos, mas em razão do alerta emitido pela OMS, a vigilância da doença é uma prioridade.
Os sintomas da mpox geralmente aparecem de 6 a 13 dias após a exposição ao vírus, mas podem levar até 21 dias para se manifestar. Os sinais incluem:
“O atendimento médico é aconselhado com a constatação de lesões compatíveis na pele e a presença associada dos sintomas gerais da mpox. Também é necessária uma atenção especial e busca de auxílio mesmo nos sintomas mais iniciais nos casos em que a pessoa teve contato com alguém diagnosticado com a doença. Ou seja, na dúvida, deve-se buscar um serviço de saúde”, orienta Spilki.
A prevenção é a melhor forma de se proteger da doença. É recomendado evitar contato com pessoas com suspeita ou confirmação da doença. Se o contato é realmente necessário, como é o caso de cuidadores, profissionais da saúde, familiares próximos, utilize luvas, máscaras, avental e óculos de proteção.
A mpox é transmitida principalmente através do contato direto com uma pessoa infectada, seja pelo contato pele a pele, por fluidos corporais, como saliva, sangue ou secreções das lesões, ou, ainda, por gotículas respiratórias emitidas durante conversas próximas, tosse ou espirros. Outra via de contágio é a indireta, através do compartilhamento de roupas, lençóis, travesseiros, toalhas ou outros utensílios de uso comum. Por isso, é importante manter o cuidado do paciente com atenção ao isolamento e manter a higiene dos ambientes e objetos.
Atualmente, não há um tratamento específico e de fácil acesso aprovado para a infecção pelo vírus da mpox. A terapêutica é focada em aliviar os sintomas e prevenir o eventual agravamento e complicações. Por isso, a busca de orientação e acompanhamento médico são fundamentais e, independente da gravidade, buscar a confirmação do diagnóstico e fazer isolamento são medidas importantes para auxiliar a saúde pública.“A mpox é também uma zoonose reversa, ou seja, uma doença que pode ser transmitida dos seres humanos aos animais. Assim, durante o isolamento para tratamento da doença é importante, também, proteger os bichinhos de casa”, afirma o virologista.