Você já sentiu dor nas canelas enquanto caminhava, corria ou praticava algum exercício físico que exigia um maior impacto? Pois é, essa síndrome pode afetar alguns atletas mas também corredores amadores e outras pessoas.
Conversamos com a fisioterapeuta e instrutora de Pilates, Bárbara Ruas, que traz mais detalhes sobre os principais sintomas, causas, tratamentos e as melhores formas de prevenção. Confira:
A Síndrome do Estresse Tibial Medial (SETM), conhecida como canelite, é causada por lesões que ocorrem no osso da canela. As dores podem surgir nas canelas durante ou depois da prática de atividades físicas, como corridas, ou outros exercícios de impacto.
O desconforto nas canelas podem surgir também depois de mudanças abruptas nos exercícios ou rotina de atividades.
A fisioterapeuta e instrutora de Pilates, Bárbara Ruas, explica que a canelite ainda é confundida com processos inflamatórios. “O que acontece são micro fissuras ósseas na região da canela causada por um desgaste natural da articulação pelo excesso de uso”, afirma.
Se você sente dores nas canelas, é fundamental consultar um(a) médico. A boa notícia é que a canelite tem cura! E a fisioterapia tem um papel essencial no tratamento dessa síndrome.
Entre as principais causas do desconforto estão: o aumento da intensidade ou duração dos exercícios físicos, o uso de calçados inadequados, fraqueza muscular, sedentarismo, entre outras.
A fisioterapeuta Bárbara comenta que algumas pessoas desenvolvem esse desgaste na articulação da canela, principalmente por descarregar o peso mal, na ponta dos pés, por exemplo. “Correr na ponta dos pés com certeza acelera o aparecimento da canelite e aumenta o quadro de dor. Ao mesmo tempo, temos corredores medalhistas que correm na ponta dos pés e não sentem nenhuma dor. Por isso uma avaliação física é extremamente importante!”, ressalta.
Depois de um diagnóstico, o tratamento inclui descanso, com medidas para alívio da dor, como gelo no local, medicação analgésica, imobilização e retirada do apoio, de acordo com o grau de desconforto do paciente, sessões de fisioterapia e reeducação postural, de acordo com artigo publicado na Biblioteca Virtual da Saúde - Atenção Primária em Saúde.*
Quanto à fisioterapia, Bárbara Ruas conta que existem técnicas que são utilizadas para diminuir a dor em pacientes que sentem esse desconforto. As técnicas incluem terapias manuais como liberação miofascial, agulhamento a seco, recursos eletroterapêuticos, como laser, e técnicas corretivas para aprimorar os movimentos do paciente.
Para quem quer começar a correr ou já pratica corridas mas está sentindo dores nas canelas, Bárbara Ruas recomenda reduzir o volume e a intensidade dos treinos. “Conforme o atleta ou o corredor amador começa a aumentar o volume de corrida e atividades de impacto, a tendência de existir dor, aumenta. Por isso, a primeira coisa a fazer é diminuir a intensidade da atividade física, até ocorrer a adaptação muscular, a melhora da resistência do músculo com uma progressão de carga perfeita para não estressar a estrutura da canela”, indica.
Mais importante do que fazer exercícios físicos com carga ou com impacto, é praticá-los com segurança e da maneira correta, para não se lesionar.
As atividades de fortalecimento incluem reforço muscular global da perna, como exercícios com salto, que exigem descarga de peso nas pernas, geralmente realizados em treinamentos funcionais.
A fisioterapeuta e instrutora explica que é preciso, primeiro, adaptar nosso corpo aos movimentos corretos. “À medida em que vamos ‘ensinando’ ao nosso corpo como é o movimento correto de voltar ao solo, a forma correta como é distribuída a força nas pernas, expondo o corpo gradualmente à atividade física, a adaptação acontece naturalmente. E, se a dor aparecer novamente, é porque está acontecendo sobrecarga de treino no corpo e o corpo sempre acaba avisando o que é tolerável para ele e o que consegue fazer de atividade física”.
A instrutora de Pilates recomenda a prática constante de atividades físicas como “a melhor forma de fugir da canelite”. E entre as principais dicas para quem quer correr, de forma amadora ou profisisonal é, em primeiro lugar, usar um tênis confortável com amortecedor e evitar tênis de sola reta. Outro item que deve ser evitado durante a corrida são as palmilhas personalizadas, pois podem causar bolhas e desconfortos. “A musculação é essencial para manter a saúde da musculatura que vai ser exigida durante a corrida e também para prevenir intercorrências.O praticante só precisa ter vontade de começar a correr, ter paciência e entender que o corpo precisa se adaptar a essa nova atividade física.Não queira correr 10 quilômetros em uma semana, se até ontem mal caminhava 20 minutos”, defende.
Outra sugestão é começar a fazer caminhadas de, pelo menos, 20 minutos, duas vezes na semana. Depois, começar a correr de forma fracionada, por exemplo, correr por 10 minutos e ir aumentando o tempo de corrida, entre a caminhada, a cada semana. “Divirta-se no processo, sem esquecer de um bom planejamento com um bom profissional!”, conclui a instrutora.
