Praticamente em todos os meses, uma vez por mês, a situação se repete: você sente que o humor está diferente, fica mais emotiva ou irritada com facilidade, o corpo fica mais sensível ou dolorido em algumas partes, nas mamas, costas e pernas, sente dor de cabeça e percebe inchaço abdominal, e seu apetite também muda.
Talvez você não tenha todos esses sintomas juntos, mas se tem alguns deles com frequência com certeza enfrenta STP, a Síndrome Pré-Menstrual ou, ainda, a famosa TPM, Tensão Pré-Menstrual.
E saiba que você não está sozinha: 75% a 80% das mulheres em idade reprodutiva sofrem com os sintomas da SPM. O número, duração e gravidade dos sintomas pode variar de acordo com cada mulher.
Apesar dos incômodos, sabia que existem tratamentos e formas de amenizar esses sintomas? Saiba quando a TPM se transforma em um problema e quando você deve procurar ajuda profissional.
Entrevistamos a ginecologista Luiza Schvartzman, que tirou algumas dúvidas.
Confira abaixo:
Drª Luiza Schvartzman - O ciclo menstrual ocorre por conta de uma variação hormonal, com picos e quedas de alguns dos hormônios mais relevantes (estrogênio e progesterona) que promovem a ovulação e preparam o corpo para a gestação. Quando não ocorre a gestação, as alterações hormonais subsequentes podem ocasionar sintomas físicos, emocionais e comportamentais. Esse quadro de Síndrome Pré-Menstrual inicia-se na semana anterior à menstruação e, habitualmente, sua melhora ocorre com o início do fluxo menstrual.
O mecanismo exato que promove a SPM ainda não foi completamente elucidado. Mas a atividade cíclica ovariana e os efeitos dos hormônios sobre alguns neurotransmissores parecem precipitar os sintomas em algumas mulheres.
A SPM e o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) são dois transtornos relacionados aos sintomas da fase pré-menstrual. Considera-se o TDPM como sendo um subtipo e também como a forma mais grave da SPM. Ainda não foi completamente elucidado o porquê uma mulher apresenta o quadro mais leve e outra o mais severo. Parece haver influência de sua labilidade basal de humor e outras alterações relacionadas.
A prevalência do Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é de 3% a 8% nas mulheres em idade reprodutiva e os sintomas estão relacionados ao humor, como déficit de funcionamento social, profissional e familiar.
O diagnóstico, segundo o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), inclui como critérios de base a presença de um ou mais sintomas somáticos e/ou emocionais durante os cinco dias que antecedem o ciclo menstrual ou durante a fase lútea. Quando se tem até três desses sintomas presentes, físicos ou emocionais, a SPM é considerada leve e, até quatro sintomas, moderada. Para diagnosticar o TDPM, devem estar presentes cinco ou mais sintomas na maioria dos ciclos menstruais. Dentre os cinco ou mais sintomas relatados, deve estar presente pelo menos um dos quatro primeiros listados a seguir:
A intensidade dos sinais e sintomas é bastante variável entre as mulheres. A maioria das mulheres busca ajuda por volta dos 30 anos, após 10 anos ou mais convivendo com os sintomas. O ideal é que a mulher tenha seu acompanhamento ginecológico habitual e que converse com seu ginecologista assim que os sintomas aparecem e começam a incomodar. Postergar o diagnóstico e o tratamento só posterga o sofrimento.
Mulheres fisicamente ativas tendem a ter menor resposta central às variações hormonais. Atividade física é sempre uma excelente ideia. Em relação a fatores dietéticos, alguns alimentos parecem precipitar a SPM e evitá-los pode ser de grande auxílio, como os alimentos muito gordurosos, álcool, excesso de café, e alguns alimentos específicos identificados individualmente. A ingestão de água adequada também é de fundamental importância.
Estudos mostram que o uso de anticoncepcionais hormonais tendem a trazer bom alívio dos sintomas. Alguns medicamentos popularmente conhecidos como antidepressivos, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, podem também ser utilizados com boa eficácia, principalmente nos casos mais severos.
Nas mulheres que se aproximam da data da sua menopausa, as variações e os sintomas podem ser mais intensos e se confundem com os sintomas climatéricos habituais. Por isso, para esse grupo de mulheres, uma abordagem adequada pode incluir, inclusive, terapia hormonal específica. Sempre lembrando que a individualização do diagnóstico e tratamento são fundamentais.
E você, sente muitos desconfortos no período pré-menstrual? O que achou das dicas da ginecologista? Conta para a gente aqui nos comentários.
Fonte:
Luiza Schvartzman - ginecologista
CRM 26457