Desde o início do ano, o aumento nos casos de dengue acendeu um alerta para a urgência da prevenção ao vírus em várias regiões do Brasil. Pelo menos 1.318.336 casos prováveis de dengue foram registrados, resultando em 343 mortes, de acordo com dados publicados em 7 de março pelo Ministério da Saúde. E a situação ainda pode se agravar, de acordo com a coordenadora do mestrado em Virologia da Universidade Feevale, Juliane Fleck.
“Tudo indica que teremos, esse ano, uma das maiores epidemias de dengue do Brasil. É uma situação bastante preocupante que tem muita relação com o aumento da temperatura e das chuvas, devido à emergência climática” explica a professora.
Juliane explica que as mudanças no clima têm colaborado para a alteração no ciclo de vida do vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti. “Há uma alteração tanto do ciclo biológico do mosquito (que precisa de calor para os ovos eclodirem, assim como de um local com água para postura dos ovos) quanto, provavelmente, do ciclo de replicação viral no mosquito (período de incubação extrínseco). Agora, ele consegue se disseminar mais rapidamente e estar disponível para, se infectado, transmitir a doença”, afirma a professora. O mosquito que transmite a dengue é o mesmo que transmite outros vírus, como Zika e Chikungunya.
Há quatro sorotipos do vírus que causa a dengue:
Qualquer um destes sorotipos podem causar os dois tipos da doença:
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a recuperação pela infecção de um sorotipo da dengue fornece imunidade contra ele. Porém, não há imunidade para os demais sorotipos. Em caso de novas infecções por diferentes sorotipos, o risco do desenvolvimento de dengue hemorrágica é maior.
“A existência de quatro sorotipos diferentes do vírus da dengue, que podem circular simultaneamente em uma mesma região, é um dos maiores desafios do combate à dengue. Isso, aliado à doença se tratar de uma imunopatologia (ou seja, os sinais clínicos relacionam-se à resposta imune do paciente à infecção) resulta em sinais clínicos diferentes, em situações de menor ou maior gravidade, já que esses vírus são um pouco diferentes entre si”, explica a professora Juliane.
A infecção pelo vírus da dengue pode gerar uma resposta diferente em cada organismo. Os sintomas variam muito e nem todos os sintomas estão presentes em todas as pessoas. Conheça os sinais mais comuns da presença da doença:
Pessoas que já tiveram dengue devem redobrar a atenção, pois há mais chance de evolução para a forma grave da doença, a dengue hemorrágica. Por isso, é importante buscar o sistema de saúde quando houver febre em torno de 39 graus e dor atrás dos olhos ou intensa dor no corpo ou na cabeça, mesmo se não tiver sido infectado anteriormente. E mesmo se a febre diminuir, após sete dias é importante estar atento aos sinais que podem indicar a evolução para a dengue grave:
Se você manifestou algum dos sintomas acima, pode realizar um exame rápido em uma das nossas salas de Panvel Clinic. O teste é indicado para pessoas com sintomas sugestivos de dengue entre 3 a 10 dias. Prático e seguro, o exame da dengue detecta simultaneamente os anticorpos IgG e IgM e antígeno NS1, isso inclui os 4 tipos de vírus da dengue (1,2,3 e 4), possibilitando identificar com maior assertividade a contaminação.
A compra do teste pelo site ou App Panvel garante a realização do serviço, que deverá ser feito presencialmente em uma das lojas credenciadas. Veja o passo a passo:
Se o resultado do teste for positivo, procure assistência médica imediatamente. E mesmo se o resultado for negativo, não descuide da prevenção - ela é a melhor maneira para evitar os riscos da dengue!
Na maioria dos casos, a dengue é controlada pelo organismo de 7 a 10 dias após a infecção. No entanto, pode haver evolução para quadros mais graves. Ainda que todas as pessoas estejam suscetíveis ao agravamento da doença, algumas pessoas estão mais predispostas a desenvolver a dengue hemorrágica: é o caso de crianças, gestantes, quem tem comorbidades como hipertensão e diabetes ou tem mais de 65 anos.
“O tratamento da dengue, atualmente disponível, é para alívio dos sintomas. Para as dores no corpo, analgésicos; para febre, antitérmico. Eles tratam os sintomas para que o paciente consiga ter uma melhor qualidade de vida enquanto o sistema imune tenta controlar o vírus. O importante é procurar o serviço de saúde, evitar a automedicação, pois há muitos medicamentos que são usados para dor no corpo e podem facilitar a ocorrência de hemorragia”, afirma a professora Juliane.
Além disso, é preciso estar atento a receitas milagrosas e sem comprovação que circulam pela internet, como é o caso da limonada. “É arriscado utilizar esse tipo de receitas que se dizem milagrosas, porque mesmo as plantas ou os alimentos têm substâncias que poderiam complicar a doença”, pontua Juliane.
A emergência climática aumenta o nível de dificuldade para o controle da dengue e pede investimentos tanto do poder público e do setor privado quanto o envolvimento da população. Seu apoio é essencial para evitar os criadouros de mosquitos e se prevenir adotando medidas básicas como:
Os cuidados visam evitar a infecção, mas se, ainda assim, você contrair o vírus, é importante continuar se protegendo: se for picado pelo Aedes Aegypti, o mosquito se infectará e poderá transmitir a doença para outras pessoas.
Em 2023, a Anvisa aprovou a vacina Qdenga para um público amplo, imunizando contra os quatro sorotipos do vírus causador da doença. Em função da grande demanda, a vacina ainda não está disponível em todo o sistema de saúde. Grupos prioritários e cidades com mais focos de dengue têm sido os primeiros a receber as doses.
“É muito importante que as pessoas se vacinem quando houver disponibilidade e sigam corretamente o esquema vacinal, façam todas as doses. A expectativa é que haja uma vacina brasileira disponível já no próximo ano”, adianta Juliane.