É bem possível que, nos últimos tempos, você talvez tenha escutado pelo menos um relato de uma mulher cansada. Os desabafos sobre o excesso de tarefas e problemas relacionados à saúde mental feminina têm sido comuns entre amigas, familiares e até nas redes sociais.
A sobrecarga das mulheres é tamanha que “cansada” parece ser uma das palavras do momento. O termo, escrito assim mesmo, no gênero feminino, é mais buscado que "cansado" desde 2015 no Brasil, de acordo com o Google. Para os especialistas, o cansaço feminino tem origem no acúmulo de papéis desempenhados por elas. E nós já vamos explicar como isso ocorre.
Estudos também têm visto que, ainda que a dupla jornada e o envolvimento em diferentes atividades seja uma realidade antiga para muitas mulheres, a pandemia de Covid-19 tem sido apontada como um marco da necessidade de refletir sobre o impacto da sobrecarga de tarefas na saúde mental das mulheres.
No Brasil e ao redor do mundo, pesquisadores têm se dedicado a estudar a exaustão feminina. A principal explicação é que, durante o isolamento social, as casas foram convertidas em escritórios e espaços de cuidado, educação e socialização, obrigando as mulheres, especialmente, a conciliar o teletrabalho com o cuidado dos filhos, as tarefas domésticas e a educação à distância. Uma sobrecarga que, somada à falta de tempo para se dedicar a si mesmas e a fatores emocionais, intensificam o sofrimento psíquico entre a população feminina.
Nem todas as mulheres permaneceram em casa durante a pandemia. Muitas delas ocuparam a linha de frente de serviços considerados essenciais, como saúde, limpeza e cuidados, tornando-se mais vulneráveis à contaminação pelo vírus. Neste cenário, quando não puderam cuidar de familiares doentes ou hospitalizados, as mulheres geralmente vivenciaram um sentimento de culpa. O resultado: aumento dos níveis de estresse e impotência, que repercutiram no estado de ânimo e afetaram a saúde mental.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto FSB para avaliar a saúde dos brasileiros no período da pandemia apontou que a saúde emocional piorou (ou piorou muito) para 62% das mulheres entrevistadas. Um índice superior ao de homens que se disseram afetados: 43%. Outra pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha a pedido da plataforma de saúde mental Zenklub, estimou que 68% das mulheres brasileiras se sentiram sobrecarregadas com o trabalho durante a pandemia. Entre os homens, a taxa foi de 56%.
Mas por quê, afinal, a sobrecarga das mulheres continuou mesmo após o final do isolamento social? Estudiosos apontam especialmente a divisão desigual das tarefas dentro de casa. Já existe até mesmo um termo para definir o trabalho muitas vezes invisível, mas que mantém as mulheres permanentemente ocupadas: é a economia do cuidado. A organização Think Olga, que se dedica a estudar o tema, estima que elas gastam, em média, 61 horas a cada semana com atividades em prol da casa e de quem vive nela.
Ainda que muitos homens colaborem com a organização e limpeza do ambiente, são as mulheres quem, via de regra, envolvem-se mais neste tipo de tarefas. Além disso, é grande a diferença entre planejar os afazeres e realizá-los. Muitas relatam que os companheiros têm a expectativa de que lhe sejam indicadas as tarefas a serem cumpridas e que o próprio planejamento e delegação já são parte da execução das tarefas domésticas delas.
Já deu para entender por que a cabeça das mulheres está sempre ocupada? Há uma necessidade permanente de atender as demandas da casa e da família. Quer um exemplo? Descongelar hoje a carne que será preparada para o almoço de amanhã, fazer a listas do supermercado, pesquisar comidas saudáveis para as crianças… Isso sem falar na disponibilidade das mulheres, e sobretudo das mães, para oferecer escuta e conforto para a família e amigos. Você já tinha se dado conta de que esse é um tipo de trabalho potencialmente cansativo em termos emocionais?
A necessidade de superar adversidades, estudos também têm chamado a atenção para a relação entre o estresse gerado por microagressões raciais e de gênero e a saúde mental. Por isso, os danos a saúde mental costumam ser mais devastadores para as mulheres negras, que vivenciam mais inquietações financeiras, exposição ao assédio, à violência e outras inúmeras formas de racismo.
A necessidade de superar adversidades e pressões constantemente também é uma ameaça ao equilíbrio e à manutenção de uma boa saúde mental das mulheres negras. No Brasil, a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) também é maior entre as mulheres negras ou pardas, com baixo nível de escolaridade e que são chefes de família.
Mas, afinal, o que pode ser feito diante deste cenário? Se você é mulher e está passando por um período de sobrecarga, conversar com uma amiga, familiar e até mesmo com uma psicóloga pode ser o primeiro passo para elaborar o que está acontecendo e, mais tarde, pensar em soluções.
Se você é um homem, que tal experimentar pegar mais junto nas tarefas da casa e dividir de igual para igual tanto o planejamento quanto a execução das tarefas?
PP-UNP-BRA-0797
Acesse nosso QR Code e responda nossa pesquisa de conteúdo.
Amei essa matéria, pois me sinto assim!!Pra onde olho tem serviço à ser escutado!!
Oi, Maria! Ficamos felizes em saber que vc gostou do nosso conteúdo, obrigada pelo carinho!
Continue acompanhando nosso blog, estamos sempre com novidades! 💙